26 de ago. de 2011
Correlação: Cocô de cachorro pisado na calçada x História do Brasil
Primeiro texto deste blog, inspirado numa breve caminhada pelas calçadas do bairro. Missão: olhar por onde ando para não pisar, re-pisar (pisar em algo já pisado) ou escorregar em fezes de cachorros (nome popular: cocô).
Indigesto e nojento detalhar que são dos mais diversos tamanhos, cores do mais escuro a tons pastéis, e texturas que vão do semi-líquido ao semi-pedra, mas a morfologia do cocô será útil na conclusão desta correlação.
Pensei: o que leva um(a) cidadã(o) a passear com seu ente querido (sim, ente querido pois segundo a Anfal - Associação Nacional dos Fabricantes de Alimentos para Animais de Estimação, o brasileiro gasta em média R$ 350/mês com seu "parente" - duvido que algum leitor gaste isso com sua sogra, a não ser que seja para mantê-la bem... bem longe), este ente querido alivia suas necessidades mais internas (do inglês: Number 1 or Number 2), em qualquer moita, poste ou meio-de-calçada e pronto, tá resolvido.
Vamos ver o que foi resolvido: o problema do parente não cagar e mijar na minha casa, mas na rua, ahhh, tudo bem. O parente, coitado, não tem culpa. Como ele vai reclamar com o "parente bípede": "Pô, deixe-me fazer um Number 1 no pé desse sofá de veludo). E como a lei do "Cagou, recolha" não pegou, cabe ao indivíduo a civilidade de pensar no próximo, e recolher os restos liberados pelo parente.
Mas imaginem se a Lei vingasse, e aplicasse multa de R$ 10.000 por infração cometida? Que marravilha!! Autoridades, larguem os bafômetros e vamos perseguir os cagões! (literalmente). Imagine uma diligência do DHPP - Departamento de Homicídios e Proteção a Pessoa, percorrendo a Oscar Freire em alta velocidade com fuzis em mãos, para flagrar "meliantes" descritos por testemunhas como "parecia um poodle", ou "parecia um famoso, aquele cachorro que fazia a propaganda da Cofap".
Ahhh, seria divertido. Ao invés das manchetes batidas dos noticiários: "Mais um caixa eletrônico explodido", ou "apreendidas 2 toneladas de maconha", os jornalistas e suas caras sérias divulgariam: "presa senhora de 82 anos e seu cachorro, Totó, por excrementação imprópria na Capital de São Paulo".
Outro fenômeno seriam os passeios escondidos na madrugada, com bonés e óculos escuros e perucas nos cachorros para fugir do flagra das sempre presentes câmeras de vigilância. Mais um mercado que cresceria, a de fantasias boas pra cachorro (ok, foi fraca essa).
Bom, e a correlação com a História do Brasil? O que "deixar cagar, e andar" tem a ver com as peripécias deste país tão feliz com Carnaval no começo do ano, futebol toda quarta e domingo, caipirinha, cerveja, e feijoada? Simples: cagamos e andamos. E se não podemos cagar e andar, por quê meu ente querido, Totó, Lulu, Rex, Simba, Artur (sim, o Jô Soares afirmou colocar nome humano em seu parente), não pode cagar e andar livre? Por quê tenho que me preocupar com aquele cocô "marrom-cor-de-sorvete-Belgian-Chocolate" no meio da calçada? Já fiz minha parte, o próximo que vier atrás que desvie. E "shame on you" se pisar na merda, não presta atenção por onde anda?
Essa mesma indiferença, e negligência, se aplica a civilidade em outras esferas:
- Por quê me preocupar com o ex-Presidente que ganha mais de R$ 60.000? Ele tá lá longe.
- E o desvio de doações para as vítimas das chuvas no RJ, não é mais meu problema, já doei 2 sacos de arroz.
-Vou parar meu carro bem rente ao carro do vizinho, consigo sair e ele não consegue entrar (já começo a assobiar a musiquinha: "Ema,ema,ema...").
-Ah, vou votar no Tiririca, ele é tão engraçado, e eu também não sei o que um Deputado faz mesmo...
-Véspera de Natal, vou parar na vaga para idoso no Shopping, afinal, tem um monte de vaga sobrando.
-Caixa rápido de 10 itens no supermercado? Tenho 19 itens, "moça, passa esses 10 separados desses 9?"
Seja um fato grande ou pequeno, moralmente duro ou mais mole, enfim, se você riu, e se identificou com algum dos fatos acima, deve ter pensado: "Tem culpa eu?". Não. Tudo começou há 500 anos atrás, quando este belo país foi explorado (esqueça o "colonizado" que a Professora Marta ensinou no colégio) por um povo que se preocupou só em retirar os recursos naturais daqui, e que-se-dane o futuro. Pra quê organizar o país de forma perene, para construir uma nação? Como aconteceu nos EUA ou Austrália?Orapois, vamos lotear e distribuir para os "cumpadis". Dar aos índios o que já era deles? Ha-ha-ha, perdeu, playboy. Quem mandou seu tataravô aceitar um espelho em troca da terra?
Enfim, a cultura do cocô na rua e a história do Brasil tem a profundidade e grandeza de um umbigo. O de cada um, claro!
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