Pensei em dar meia-volta e buscá-lo, mas me atrasaria para o almoço de família. Prossegui ao restaurante preocupado se alguém me ligaria, ou caso tivesse que ligar para alguém, como saberia o telefone se toda minha agenda está armazenada no celular?
Durante o almoço, a síndrome de abstinência baixou e pensei sobre quão bizarra é esta dependência moderna pelos celulares, como se fossem parte de nós. Relembrei os 20 anos que vivi quando os celulares não existiam, a vida era mais simples e descomplicada. Se marcávamos algum compromisso, lá estaríamos pois não havia SMS, torpedos, BBMs, Whatsapps para enviar aquele torpedo furando de última hora.
Usávamos mais a memória para guardar telefones, datas especiais, compromissos, calcular a conta do restaurante com os 10% (já vi gente usar seu moderno Smartphone para calcular os 10% de uma conta de R$ 20,00). Ligávamos para parabenizar alguém pelo aniversário, ao invés de enviar um torpedo. Aproveitávamos mais a companhia de quem estava conosco numa mesa de bar, sem ficar digitando mensagens e respondendo chats com os amigos virtuais.
O bônus da mobilidade da comunicação trouxe o ônus da dependência de estar sempre conectado, mesmo que desnecessariamente. Hoje recebo mais torpedos e mensagens em chats, que ligações. Em alguns casos, por ser mais barato (geralmente quem me dá esta desculpa tem um iPhone de R$ 1.000. Algo como ter uma Ferrari, mas economizar na gasolina). Em outros casos, as pessoas esqueceram como se conversa pelo telefone.
Feita a digestão mental de tudo isso durante o almoço, decidi "esquecer de propósito" o celular de vez em quando. E começar a decorar telefones importantes, para exercitar o cérebro. Se tiver que falar com alguém, uso um orelhão ou pego um celular emprestado. E quem tiver que me achar, vai achar.
Como diz o filme abaixo, disconnect to connect. O celular deve ser um meio, e não o fim.
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