14 de nov. de 2011

Choro de Janeiro

(Trocadalho do nome "Rio" de Janeiro para Choro de Janeiro, o que resta para esta cidade)

A mídia, principalmente a Globo e seus braços televisivos e impressos, ovacionou a "pacificação" da Rocinha como se fosse um marco histórico. A que ponto das relações humanas chegamos, para ficarmos felizes em ver a polícia exercer a paz e a ordem, "sem derramamento de sangue"? 

Coloco alguns pontos para reflexão:

1- Efeito rabo de lagartixa: prenderam meia-dúzia de gatos-pingados, apreenderam armas e drogas. Cadê o dinheiro, que ao meu ver é o mais importante, que propicia a compra de mais armas e mais "tóchicos"? Cadê os outros camaradas traficantes, "aviõezinhos", embaladores, fogueteiros, etc. etc.? Eles simplesmente abandonarão seus trabalhos "freelancers", mandarão currículos para as firmas de Telemarketing e se endireitarão? O efeito rabo de lagartixa é: não adianta cortar um pedaço, que cresce de novo.

2- Organograma do tráfico: graças ao boom do narcotráfico nos anos 80, o RJ se tornou uma rota de passagem/repassagem de drogas há mais de 30 anos, longevidade maior do que muitas Empresas formais. E como toda Organização, existe um organograma: caiu o cabeça, assume o Vice. Caiu o Vice, assume o Diretor. Assim como no final do Tropa de Elite 2, o jogo continua com mandantes diferentes. Ou acham que prender um líder basta?

3- Lei de Mercado: se a venda de drogas prospera há mais de 30 anos, é porquê tem consumidor. E o consumidor não vai "ficar careta" só porquê prenderam seu fornecedor preferido, certo? Enquanto tiver procura pelos "bagulhos", alguém estará pronto para vender. 

4- Desenvolvimento de novos negócios: com os Pontos-de-Vendas (lê-se "bocas de fumo") dominadas, faz-se necessário levantar renda. Com armas em punho, os novos negócios são: assalto, sequestros, roubos de carros, explosão de caixas eletrônico. Que bom ter menos venda e consumo de drogas, mas qual o preço que se paga em outros novos negócios?

Não sou o melhor avaliador do Rio de Janeiro, visto que em 2003 tive meu carro perfurado à bala em pleno bairro do Leblon, simplesmente por estar num carro com placa de SP. Antes disso já achava que a cidade era um caso perdido, hoje continuo achando o mesmo. E não bato palmas para a ""pacificação"" (aspas duplas) da Rocinha, apenas lamento ver a que ponto o Ser Humano chegou. Choro de Janeiro...

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