(Trocadalho do carilho de um artista)
Um dia desses assistindo a um noticiário na TV, percebi que as palavras "mortes", "mortos", "assassinado", "atentado a bomba", "latrocínio", dentre outras, apareciam com uma frequência grande, e com tanta naturalidade como se fossem palavras como "arroz & feijão", "água", "bunda"... E resolvi contar quantas mortes foram anunciadas num único telejornal: 215.
Sim, 215 seres humanos como nós, que não existem mais. Algo como 5 salas de aula cheias, 4 ônibus preenchidos, 43 carros de passeios enfileirados com seus passageiros. Desde acidentes de carros, a roubos seguidos de morte ou atentados a bomba no Oriente Médio, todos deixaram de existir entre nós, mas a naturalidade (e talvez, banalidade) como as mortes são noticiadas hoje em dia me faz refletir o que realmente importa, e o que é banal.
Neste mesmo noticiário foi dedicada uma matéria de 5 minutos para falar da "vaidade dos gordinhos" (fato relevante para a Humanidade, certo?). E todos os flashes sobre as mortes juntos não devem ter tomado 2 minutos. Ok, concordo que se todo noticiário desse um foco maior às tragédias e mortes, seria um "Obituário" e mais pessoas morreriam ao cortar seus pulsos em casa ao assistir ao apocalipse.
Mas que há uma manipulação, e mau-uso (mau com "u" mesmo) do poder da mídia, isto é indiscutível. Vide programas sensacionalistas (não citarei nomes), que usurpam até a última gota dos casos "matou a mulher e foi tomar uma cerveja", ou "filho viciado em crack matou os avós".
A mídia de massa vive das "manchetes 15 minutos", que antes geravam fama instantânea para sub-celebridades, e agora, para sub-bandidos, sub-criminosos. Alguém ouviu falar recentemente dos Nardoni? E mais recentemente, do motorista do Porsche? O que será que aconteceu com a moça da Land Rover?
Não se preocupe, o tempo resolve tudo. Vide o caso do Edmundo, que foi flagrado bêbado no acidente que cometeu há alguns anos atrás e matou 3 pessoas. Com um bom advogado, muito dinheiro, incontáveis recursos e uma justiça falha, o caso prescreveu. Sim, matou, demorou pra ser condenado, e a Lei o considera inocente e com a ficha limpa como a da minha avó.
Reflita: O que realmente importa nesta vida?
Nenhum comentário:
Postar um comentário